Quem sou eu

Sobral, CE, Brazil
Faço do tempo um imenso retalho bordado de lembranças e possibilidades de encontros.

22 de outubro de 2009

Daqui pra lá...

De uns dias pra cá sinto-me transbordando, como um ovo sem casca... Transbordo de sentimentos. Todos os sentimentos! Como se estivesse sendo perfurada pelo tempo, há alguns dias quebro ou derrubo coisas. Grito bastante. Desafino. Perco-me. Falho. Espero e calo. Gosto de ficar quieta me balançando, como eu fazia quando era criança e ainda conseguia me esconder embaixo da cama.
Sem perceber que o tempo passa e estamos próximos do final do ano de 2009, de repente vejo que é mais um outubro. Sim. É isso que me inquieta! Mais um término; outro início. É que eu vejo a vida em ciclos a cada outubro. A cada outubro o tempo me reparte e uma nova perspectiva se abre. Feito nos nossos reveillons ou festejos anuais ou ritos de passagens representados genuinamente por cada tipo de crença ou credo. Não restasse a celebração anual do tempo, a cada década eu ainda faço um balanço do que realizei, do que desejei e do que desfrutei nas curvas que a vida nos presenteia. Celebro com aqueles que eu descobri, reconheci e com os que deixei. E a cada década eu me surpreendendo mais e mais. Bato palmas e choro. Porque chorar é bom... eu gosto de verdade! Gosto de me rasgar em prantos e gosto de choramingar escondida. Gosto de pensar como eu estarei aos quarenta. Jogo-me pra frente e para trás, passando a bola para a euzinha de lá e acolá.
Daqui de Sobral, sinto falta do olhar de quem me conhece desde os mais tenros anos. A saudade ganha peso, cor, cheiro, som, sensações. E faltas! Tantas faltas... É uma espécie de memória afetiva me atravessando e costurando cada uma de mim. Nas lembranças, eu me resguardo do peso da saudade de cada um dos meus segundos vividos. E, como preguinhas no tempo, cada uma de mim compartilha de todos as sensações, de mãos dadas. Todas vós, Dona Dioninha! Tempos passados e futuros! Sendo este presente apenas um furo, uma marca no tecido de todos nós. Todas as "outro eu"!
Faço do tempo um imenso retalho bordado de lembranças e possibilidades de encontros.