Quem sou eu

Sobral, CE, Brazil
Faço do tempo um imenso retalho bordado de lembranças e possibilidades de encontros.

28 de julho de 2011

Quartinho


Ainda durante a gravidez, alguns amigos e familiares perguntaram qual era o tema do quarto de Maria Elis e eu sempre respondia que não tinha tema, pois era um quarto de mocinha. Tinha a impressão de que se eu definisse um tema, não poderia variar nas opções de cores e móveis de que dispunha.

O quarto ganhou a poltrona e a mesinha de canto que foram de Vovó Sylvia. Imaginei que o divã, que estava sendo detonado pelos bichos, seria uma opção confortável pra Duda tocar violão enquanto a pequena adormecia. O divã ficou vinho e a poltrona ficou listrada em tons dessa cor. A parede ganhou um tom amarelo, coloquei uma cortina bege, berço e guarda roupa brancos. Fui ficando com medo da mistura de cores, mas viajei pra Recife com a sensação de que o básico já estava pronto para esperar a chegada de Maria. 

Depois de retornarmos, ao arrumar o quartinho dela, percebi que ele ganhou um tom lúdico muito harmonioso com todas as cores e amores que trouxemos da terrinha. Hoje, se alguém me perguntar, eu digo que o tema do quartinho de Maria Elis é muito amor e carinho.







26 de julho de 2011

Bordando à mão

Exatamente um ano depois do post anterior, volto a divagar sobre o tempo numa perspectiva espacial, não estritamente linear, como usualmente compreendemos a sucessão cronológica dos espaços no tempo. Por isso a expressão "costurinha" para designar cada ponto em que vivemos até chegar onde estamos sendo. Mas o tempo é linha que não se desfaz.

Ocorreu que, de lá pra cá, eu malhei por 4 meses ininterruptos e disciplinadamente, e me descobri grávida, e pari minha monografia e graduei-me em psicologia e dei à luz a Maria Elis. Nós desfeitos, laços feitos.

E o tempo se refaz como uma colcha de renda...  Minha pequena floresceu em primavera, coloriu meus dias de ternura e alegria. Senti vontade de escrever  que meu tempo, a partir de então, vem sendo bordadinho à mão.

24 de junho de 2010

Até aqui, muitas decisões e pouca eficácia em minha pacata vida.

O tempo é meu. Esta é a regra. Sou filha única e criada por vó, ok? Resistência, sim! E daí? Malhar? Só a língua! Entenda como quiser! Mas estou perto de chegar lá. Seja onde for, chegarei lá...


És um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo tempo tempo tempo 
Vou te fazer um pedido 
Tempo tempo tempo tempo... 
Compositor de destinos 
Tambor de todos os rítmos 
Tempo tempo tempo tempo 
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo... 
Por seres tão inventivo 
E pareceres contínuo 
Tempo tempo tempo tempo 
És um dos deuses mais lindos 
Tempo tempo tempo tempo... 
Que sejas ainda mais vivo 
No som do meu estribilho 
Tempo tempo tempo tempo 
Ouve bem o que te digo 
Tempo tempo tempo tempo... 
Peço-te o prazer legítimo 
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo 
Quando o tempo for propício 
Tempo tempo tempo tempo... 
De modo que o meu espírito 
Ganhe um brilho definido 
Tempo tempo tempo tempo 
Tempo tempo tempo tempo... 
E eu espalhe benefícios 
O que usaremos prá isso 
Fica guardado em sigilo 
Tempo tempo tempo tempo 
Apenas contigo e  comigo 
Tempo tempo tempo tempo... 
E quando eu tiver saído 
Para fora do teu círculo 
Tempo tempo tempo tempo 
Não serei nem terás sido 
Tempo tempo tempo tempo... 
Ainda assim acredito 
Ser possível reunirmo-nos 
Tempo tempo tempo tempo 
Num outro nível  de vínculo 
Tempo tempo tempo tempo... 
Portanto peço-te aquilo 
E te ofereço elogios 
Tempo tempo tempo tempo 
Nas rimas do meu estilo 
Tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo tempo

3 de junho de 2010

Tirando a poeira do tênis!


Preciso malhar! Esta ideia me persegue desde meu último completaños... De repente meu corpo suplica por movimento, pois a partir desta idade, percebo claramente que tudo diminui: metabolismo, tônus muscular, desejo sexual, memória, a melanina dos cabelos... Tudo muda, você muda! O aumento da endorfina passa a ser necessário.


Então tá! Faz meses que penso no imperativo da malhação! Odeio academia, sou contra a ditadura do corpo sarado, pra piorar, sou preguiçosa e indisciplinada o suficiente pra malhar uma semana e não ir mais. Terrível admitir isso, mas sempre foi assim. Só que agora é mais que necessário, é terapêutico para manter o corpo e a mente saudáveis!

Propus ao maridão começarmos a malhar em casa, em um ritmo devagar, alternando em dia Sim e dia Não. Ele topou e começamos hoje! Pelo dia Não.

13 de janeiro de 2010

Nunca na estória da minha vida

Há quase 8 anos, recebo de meu querido pai, dentre outros remetentes, mensagens de e-mails recheadas de críticas sarcásticas ao Lula e suas políticas sociais. Em rodinha de amigos, também sempre tem um ou outro que pega no pé do atual governo. Embora eu argumente a favor de minha satisfação com o atual cenário social, sinto que pouco adianta. De em jeito ou de outro, sempre tem um lado que perde para que o outro lado ganhe.

Hoje, ao ler a "Carta ao Papai Lulel" (descrita a seguir), eu tenho a felicidade de poder responder com esta reportagem publicada no Estadão de São Paulo.

E respondo ao meu pai plagiando o Lula: nunca na estória da minha vida, eu li uma notícia sobre a distribuição de renda do nosso país que me deixasse tão feliz.

Obrigada papai Lulel.

"Querido papai Lulel

Eu fui um menino muito comportado, fiz tudo direitinho como o senhor mandou.
Ajudei meus amiguinhos do MST a invadir terras produtivas e destruir propriedades, pedi as contas de meu emprego e vivo de bolsa família (um presentão do senhor).


Prometo obedecer a Tia Dilma, ficar bem quietinho e fazer tudo que ela mandar.

Papai Lulel.
Muito obrigado pela Bolsa Familia, meu cunhado manda agradecer pela Bolsa Bandido, minha mulher agradece pela Bolsa Celular, Minha filha agradece pelas Pi lulas do dia Seguinte e meu filho pelas Camisinhas. Obrigado também pelo Vale Gas¡ Pelo Vale Luz.

NÃo ligue pra esse bando de Burgueses que vive criticando o senhor, achando que seria melhor investir na educação, na saúde, na agricultura familiar e na auto-estima das pessoas, é que eles não têm a experiência que o senhor tem na arte de viver sem fazer nada. É tudo inveja Papai Lulel.

Para esse ano nossos pedidos são:

Um Vale Pinga, afinal ninguém é de ferro
Uma Bolsa Amante “ É que a Bolsa Família não ta dando para manter a filial.
Uma Bolsa Carnaval “ Pra nós pular nos blocos da Bahia
Um Vale Cabeleireiro Pra minha Mulher
Um Vale SPA pra minha sogra
Um Vale Disney Pros filhotes
Um Vale Motel Pro meu garoto mais velho

Só isso Papai Lulel.

Que em 2010 todos os seus sonhos se Elejam, são os meus sinceros "VOTOS" e toda a minha família e amigos.

PS. Minha mãe manda perguntar se o Vale Cultura vai poder ser usado em uma casa de diversão que ela tem aqui na cidade junto com umas Garotas.

Assinado
Inocêncio do Aproveitamento"

22 de outubro de 2009

Daqui pra lá...

De uns dias pra cá sinto-me transbordando, como um ovo sem casca... Transbordo de sentimentos. Todos os sentimentos! Como se estivesse sendo perfurada pelo tempo, há alguns dias quebro ou derrubo coisas. Grito bastante. Desafino. Perco-me. Falho. Espero e calo. Gosto de ficar quieta me balançando, como eu fazia quando era criança e ainda conseguia me esconder embaixo da cama.
Sem perceber que o tempo passa e estamos próximos do final do ano de 2009, de repente vejo que é mais um outubro. Sim. É isso que me inquieta! Mais um término; outro início. É que eu vejo a vida em ciclos a cada outubro. A cada outubro o tempo me reparte e uma nova perspectiva se abre. Feito nos nossos reveillons ou festejos anuais ou ritos de passagens representados genuinamente por cada tipo de crença ou credo. Não restasse a celebração anual do tempo, a cada década eu ainda faço um balanço do que realizei, do que desejei e do que desfrutei nas curvas que a vida nos presenteia. Celebro com aqueles que eu descobri, reconheci e com os que deixei. E a cada década eu me surpreendendo mais e mais. Bato palmas e choro. Porque chorar é bom... eu gosto de verdade! Gosto de me rasgar em prantos e gosto de choramingar escondida. Gosto de pensar como eu estarei aos quarenta. Jogo-me pra frente e para trás, passando a bola para a euzinha de lá e acolá.
Daqui de Sobral, sinto falta do olhar de quem me conhece desde os mais tenros anos. A saudade ganha peso, cor, cheiro, som, sensações. E faltas! Tantas faltas... É uma espécie de memória afetiva me atravessando e costurando cada uma de mim. Nas lembranças, eu me resguardo do peso da saudade de cada um dos meus segundos vividos. E, como preguinhas no tempo, cada uma de mim compartilha de todos as sensações, de mãos dadas. Todas vós, Dona Dioninha! Tempos passados e futuros! Sendo este presente apenas um furo, uma marca no tecido de todos nós. Todas as "outro eu"!
Faço do tempo um imenso retalho bordado de lembranças e possibilidades de encontros.